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A nossa jornalistinha

Ela gosta de escrever. Gosta de ler. E achou que poderia linkar esses dois prazeres à profissão. Não esteve errada. Mas também não esteve certa. Não cem por cento.

Se inscreveu para o vestibular no ano de 2010. No fim dele. Se imaginou cursando Jornalismo, mas era um pouco caro, seu salário de balconista na doceria não daria. Era melhor pensar em um outro curso mais em conta. Depois de formada, trabalhando na área e ganhando uma graninha boa, poderia pensar no curso de Jornalismo. A avó ajudou: "Faz Pedagogia. É mais barato e você consegue emprego fácil."

"Tá, pode ser...", talvez fosse uma boa mesmo. Seria preciso pegar um atalho, mesmo o coração dizendo que não. Fez a prova, teve uma boa colocação e no dia da matrícula correu para a Universidade querendo trocar o curso, querendo mudar o rumo da vida. Mas não podia, tinha que ter os pés no chão.  

Entrou no auditório, preencheu as fichas e esperou ser chamada. Foi chamada e enquanto a mulher conferia suas fichas, a menina comentou que queria mesmo era fazer Jornalismo, que era essa a sua primeira opção, não Pedagogia. Essa mulher se tornou um anjo e fez a menina acreditar que ela conseguiria, que ela iria até o fim e que Deus a abençoaria. Não seria fácil, mas ela se formaria. 

Quando chegou em casa, o mundo caiu. A vó ficou brava, ela não podia ter mudado o curso assim e teria que se virar sozinha. Ela tinha o dinheiro para a matrícula, mas agora faltava. E a vó não completou. Enfim, conseguiu o que faltava emprestado com a irmã e foi chorando pagar a matrícula. 

Em 2011, entrou na faculdade. Conheceu pessoas novas, colegas que pareciam amigos para vida toda. Conheceu um pouco do universo jornalístico. Aprendeu a sobreviver com um mundo completamente diferente do seu. Até então. E se adaptou. Talvez não ao padrão da maioria, mas se adaptou. 

Os quatro anos se passaram. Ela se formou acreditando que poderia ter dado o seu melhor, de fato. Aprendeu tanto, caiu, levantou, pegou DPs, chorou, ficou nervosa. Estudou, apresentou trabalhos, saiu, bebeu, cantou. Perdeu o avô, pensou em desistir. Persistiu. Conheceu mais pessoas, se decepcionou. Ganhou um amigo que virou namorado e hoje é seu noivo.

Ela não acreditava na emoção que sentia na noite da sua colação de grau. Nunca pensou que seria aquilo tudo mesmo. E foi. Foi incrível! Ela se formou e sua vida está prestes a mudar o rumo. A vida tem dessas coisas, de nos surpreender... 




















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